Acime e outras Aces do Paraná protestaram na Assembleia Legislativa contra um projeto de Luiz Cláudio Romanelli
quinta, 17 de março de 2016
Acime e outras Aces do Paraná protestaram na Assembleia Legislativa contra um projeto de Luiz Cláudio Romanelli
A audiência pública para discutir o projeto de lei do deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli, do PMDB, que muda a forma de registrar consumidores inadimplentes no SPC, lotou o Plenarinho da Assembleia no dia 1º de março. Para os comerciantes, o projeto de lei vai prejudicar pequenos e médios empresários de todo o Paraná. Por este motivo, cerca de 250 comerciantes e presidentes e colaboradores de associações comerciais, ligados à FACIAP, Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná, se mobilizaram para pedir o arquivamento do projeto. Entre eles, três colaboradores da Acime estiveram presentes durante a audiência.
O presidente da FACIAP, Guido Bresolin Junior, disse que todas as regiões do
estado estavam representadas nesta audiência. “A mobilização foi muito
significativa. Tivemos os principais líderes do associativismo presentes na Assembleia,
uma demonstração clara da força e da livre iniciativa paranaense”, afirmou o
presidente.
Segundo o deputado estadual Requião Filho (PMDB), presidente da Comissão de
Direito do Consumidor da Assembleia Legislativa, essa audiência pública deixou claro que o projeto precisa ser revisto. “Da forma como está, o
texto tem poucas chances, ou nenhuma, de passar em plenário. O projeto precisa
ser reestudado para encontrarmos uma solução que não prejudique o comércio e
traga benefícios ao bom pagador”, afirmou o deputado. Ainda de acordo com
Requião Filho, o projeto tem a justificativa de defender o consumidor, mas é
inviável porque traz prejuízos sérios: “Ao fim da cadeia, o projeto vai acabar
aumentando o preço dos produtos e da taxa de juros daqueles que concedem
créditos, trazendo, consequentemente, um prejuízo final ao consumidor”.
Para o deputado estadual Marcio Pauliki (PDT), presidente da Comissão de
Indústria, Comércio, Emprego e Renda da Assembleia Legislativa, o projeto de
lei vai aumentar ainda mais os custos dos empresários. “Hoje, eles arcam com
ajustes fiscais e aumentos de impostos e ainda estão tentando se adaptar. Mais
um custo desses, tornará a situação muito mais difícil”, diz o deputado.
“Estamos pedindo a retirada do projeto para uma nova avaliação. Tenho certeza
que, hoje, a proposta não passaria pela maioria dos deputados”.
Segundo o presidente da Associação Comercial de Maringá, Marco Tadeu Barbosa, a
preocupação é com os micros e pequenos empresários, que representam 90% dos associados
no estado. “O pequeno empresário vai ter mais custos para registrar os
devedores. Considerando que a maioria das dívidas é de até 200 reais, o projeto
de lei vai fazer o empresário gastar mais que 10% do valor da dívida para
conseguir registrá-la. É um custo muito alto para os micro e pequenos que já
estão estrangulados”, diz Marco Tadeu.
A gerente da Associação Comercial e Empresarial de Marechal Cândido Rondon, Ida
Lorena Roehrs, concorda. Segundo ela, o grande empresário encontra alternativas
para fazer essa cobrança e para administrar a inadimplência. “Já os pequenos,
só tem as associações porque o SPC está dentro da possibilidade do orçamento
dele, que é mais enxuto”.
Além disso, a população das cidades terá menos acesso a crédito. O presidente
da Associação Comercial e Empresarial de Sarandi, José Ricardo Pereira, avalia
que, se o projeto virar lei, o empresário vai precisar se cercar de garantias
que dificultarão a oferta de crédito. “Como o empresário vai vender sem a
certeza de que vai receber? Por isso, o consumidor que quiser crédito vai
receber uma lista de exigências. A consequência é um aumento da inadimplência e
do desemprego, já que empresas menores devem fechar. Imagine o impacto disso em
uma cidade pequena?”.
O PROJETO
A lei, proposta por Luiz Cláudio Romanelli, também prevê que a empresa, para
registrar um consumidor no serviço de proteção ao crédito, deve enviar antes,
para ele, toda a documentação da dívida, comprovando a veracidade. Para a
FACIAP isso é muito preocupante, porque vai quebrar o sigilo comercial entre
empresas e consumidores, expondo as negociações a terceiros.
MAIS DIFICULDADES PARA O VAREJO NO MEIO DA CRISE
Para a FACIAP, no varejo paranaense as consequências deste projeto vão ser
desastrosas: Para se proteger contra a inadimplência, a concessão de crédito
vai ser ainda mais reduzida, já que não haverá mais a informação de que esta
venda a prazo poderá estar sendo feita para inadimplentes. Como resultado, as
taxas de juros vão aumentar, e o prazo para o pagamento diminuirá. E sem
crédito direto no comércio, o consumidor vai perder ainda mais: Ele vai ter que
comprar no cartão de crédito, que tem as piores taxas de juros.
Para a Federação, a lei proposta pelo deputado Luiz Cláudio Romanelli, vai
empurrar o paranaense justamente para o sistema de crédito mais caro, para quem
já enfrenta grandes dificuldades, que é o cartão de crédito. E isso só vai
beneficiar exatamente o sistema de altos juros dos cartões.
Fonte: Faciap
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